As
metodologias e instrumentos de exploração/desconstrução do vídeo como recurso
pedagógico são comuns à utilização de outros recursos e mesmo ao processo de
planificação de uma unidade curricular. Estruturar todo o processo de
utilização de um audiovisual ajuda a desconstruir o recurso e a consolidarmos
práticas, e não menos importante, a aplicação de técnicas de exploração e
instrumentos para uma boa utilização de um vídeo na sala de aula ou num
ambiente on-line.
A
leitura do livro “O vídeo como dispositivo pedagógico” (Moreira & Nejmeddine, 2015) sugere algumas
destas técnicas e instrumentos de exploração:
1.
As vantagens da utilização do vídeo como recurso pedagógico;
2. As
etapas para uma adequada utilização;
3.
Atividades a desenvolver e os materiais pedagógicos de apoio.
1. As
vantagens da utilização do vídeo como recurso pedagógico são inúmeras e
consensuais, destaco o conceito de dual-channel comum à minha área, nas redes
de computadores, mas também à comunicação em geral.
"Dual-Channel
Learning
In fact, all
students, both with and without a strongly dominant modality preference,
benefit from instruction that includes video. Marshall (2002) cites the
conclusions of Wiman and Mierhenry (1969), extending Dale's "Cone of
Experience,” that: "people will generally remember: 10% of what they read
20% of what they hear 30% of what they see 50% of what they hear and see”
(Cruse)
Hoje, é imperativo para o professor que
quer chegar aos alunos de uma forma eficaz de forma a maximizar aprendizagens,
a utilização de recursos e tecnologias na sala de aula que sejam multi canal e
familiares aos alunos.
A este propósito, permitam-me um
parêntesis que mostra como esta questão está na linha da frente dos objetivos
para a educação na europa. Estou também a frequentar uma formação chamada
"Salas de aula do futuro” que visa a criação de uma rede de professores nas
escolas, para a divulgação/discussão de cenários da Sala de Aula do Futuro
criados no contexto do projeto ITEC (http://itec.dge.mec.pt/) promovendo
uma visão clara das práticas de ensino e de aprendizagem inovadoras, com o
propósito de provocar uma mudança gradual, mas sustentável no sistema de ensino.As conclusões do projeto ITEC, que são
motivadoras e inquestionavelmente positivas no que diz respeito às mais valias
da utilização das novas tecnologias, podem ser consultadas na integra no
endereço:
Naturalmente que a utilização dos
recursos audiovisuais, a utilização de dispositivos móveis como tablets ou
smartphones, ou a disseminação de ferramentas fantásticas da Web 2.0 fazem
parte do objetivo deste projeto.
Neste contexto, o vídeo é também ele um
recurso fundamental:
"Without
question, this generation truly is the media generation, devoting more than a
quarter of each day to media. As media devices become increasingly portable,
and as they spread even further through young people's environments-- from
their schools to their cars--media messages will become an even more ubiquitous
presence in an already media-saturated world. Anything that takes up this much
space in young people's lives deserves our full attention. --Kaiser Family
Foundation” (Cruse)
Estas vantagens são maiores, quanto maior
for o conhecimento de novas metodologias por parte do professor e mais cuidada
for a preparação cuidadosa da exploração destes recursos. De fato a sua
utilização "exige um esforço permanente por parte do professor na procura
das soluções mais adequadas a cada situação” (Moreira & Nejmeddine, 2015) e
"As with all educational technologies, the value of video relies on
how it is implemented in the classroom.” (Cruse).
De
realçar também que na utilização de um recurso audiovisual "é necessário
não só, ter em conta as dimensões técnica e expressiva, mas também, e
sobretudo, a sua dimensão didática” (Moreira & Nejmeddine, 2015), e é neste
contexto que a desconstrução do recurso é crucial, o que nos leva ao ponto
dois.
2. Nos
diferentes documentos estudados, a definição das etapas é muito semelhante,
expondo de uma forma clara e objetiva três tempos: pré-visualização,
visualização e após a visualização. Em cada um destes períodos são apresentadas
as metodologias a seguir e algumas técnicas de exploração muito pertinentes.
Como é
referido no livro "O Vídeo como dispositivo pedagógico”, o artigo
"Using Educational Video in the Classroom: Theory, Research and Practice
By Emily Cruse” é de fato muito interessante. Neste artigo, na secção
"General Principles of Video Use in the classroom” são definidas também
três etapas: "pre-activity / activity / post-activity”. A leitura destas
etapas também nos fornece um conjunto de metodologias e instrumentos em muito
coincidentes com o livro de referência do nosso curso.
A
desconstrução pedagógica de um recurso de aprendizagem audiovisual inclui
quatro etapas: preparação ou planificação; visualização, leitura e análise do
recurso de aprendizagem; desconstrução do recurso, debate e reflexão; conclusão
e verificação. Esta estruturação, para além de outras ideias de exploração como
a referida desconstrução pedagógica do recurso, vai de encontro às etapas
definidas anteriormente mas acrescenta de forma muito pertinente a perspetiva
de utilização do recurso on-line. Hoje é muito fácil disponibilizar estes
recursos na web, de forma bem enquadrada com os objetivos pretendidos, e assim,
agregar um conjunto muito relevante de potencialidades pedagógicas.
3. Neste
ponto gostaria de referir alguns instrumentos/técnicas e materiais de apoio que
considerei relevantes:
- As
atividades de exploração e grelhas de observação fornecidas nos anexos do
livro.
-
Referências para informação complementar;
-
Elaboração pelos alunos de um produto resultante da visualização do vídeo, por
ex., um cartaz, um vídeo, um blog, um programa de computador, a instalação de
um sistema operativo, uma página web, ...
-
Utilizar o vídeo ao longo do ano letivo aproveitando-o como motivação para
diferentes unidades didáticas ou para consolidar conhecimentos adquiridos;
-
Visualizar excertos do vídeo de forma criteriosa;
- Ver o
vídeo sem som e lançar desafios aos alunos para fazerem a narração do que se
está a passar;
- Criar
pequenos grupos de trabalho para discutir o vídeo;
- Fazer
intervalos na visualização para propor atividades ou mesmo promover atividades
interativas durante a visualização;
Estas
são apenas algumas ideias que colecionei, muitas delas que nunca me lembraria e
muitas outras que nunca apliquei.
Termino
com uma frase que sublinhei nestas leituras, com a qual concordo plenamente
seja no vídeo ou em qualquer outra temática. Estou certo que os colegas
concordam que na 1ª vez, 2ª ou... que ensinamos algum conteúdo não o
fazemos com a mesma qualidade que o fazemos quando temos experiência, aliás
como em qualquer outra atividade das nossas vidas.
"Experimentar,
avaliar, experimentar novamente e ter uma atitude de questionamento permanente,
parece-nos ser fundamental para otimizar a sua utilização didática e pedagógica”
(Moreira & Nejmeddine, 2015)